Clima tenso em Honduras

NOVA YORK - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao colega hondurenho Manuel Zelaya, que não dê pretexto aos golpistas para invadir a embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde o líder deposto buscou refúgio.

Lula, que viajou a Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas, disse que falou com Zelaya por telefone na manhã de hoje. Afirmou que, ao permitir que Zelaya entrasse na embaixada, o Brasil só fez o que qualquer país democrático faria.

O presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, pediu ao governo brasileiro que entreque o líder deposto para submetê-lo à justiça.

Zelaya chegou à embaixada brasileira em Tegucigalpa ontem, após entrar no país em segredo.

A embaixada do Brasil poderia ser invadida, por proteger Zelaya, disse o assessor da chancelaria do governo interino, Mario Fortín, a jornalistas. " A inviolabilidade de uma sede diplomática não implica a proteção de delinquentes ou de fugitivos da justiça " , afirmou. " E a ação judicial poderia ser realizada porque Zelaya não foi convidado e nem pediu asilo político ao Brasil. " As autoridades policiais e militares não comentaram o caso.

Pela manhã, a polícia e o exército dispersaram milhares de manifestantes que permaneciam em frente à embaixada do Brasil em Tegucigalpa para apoiar o presidente deposto. " A zona está sob controle das autoridades " , disse à AP o porta-voz da Secretaria de Segurança, comissário Orlin Cerrato. Na rua, restaram dezenas de motocicletas, além de ônibus e automóveis com os vidros quebrados.

Cerrato informou que a dispersão, com gás lacrimogênio, jatos de água e ruídos ensurdecedores causados pela polícia, ocorreu depois que os partidários de Zelaya retiveram uma viatura por duas horas e depois a incendiaram. Alguns dos artefatos caíram dentro da sede diplomática brasileira.

O governo interino suspendeu por tempo indefinido os voos locais e internacionais nos quatro aeroportos de Honduras, por " motivos de segurança " , em uma tentativa de não permitir a chegada do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, que desejava se reunir hoje com Zelaya e obter um diálogo que ponha fim à crise política do país.
Fonte: Blog do Macário

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