Universitária humilhada em universidade de São Paulo


Uma estudante de turismo da universidade Uniban, de São Bernardo do Campo (SP), foi vítima de xingamentos de centenas de colegas por conta de um vestido curto utilizado para ir à aula no último dia 22 de outubro. Por conta do tumulto causado pelos alunos, que gritavam nomes de baixo calão e cercavam a sala de aula onde ela se encontrava, a moça saiu vestida com um jaleco branco e teve de ser escoltada por policiais militares.

Muitos universitários gravaram a cena de constrangimento e publicaram os vídeos na internet, o que levou a repercussão em todo o país. Internautas deixaram uma série de mensagens de repúdio à postura dos estudantes da Uniban. A jovem não vai às aulas desde a semana passada.

O 6º Batalhão de Polícia Militar Metropolitana de São Bernardo do Campo (SP) foi o acionado para dar apoio à estudante de turismo. Segundo o capitão Carlos Cotta Rodrigues, o centro de operações recebeu um chamado no dia 22 de outubro dizendo que "existia uma aluna que queria sair de sala de aula e os alunos não deixavam que ela saísse porque estaria com trajes mínimos".

Cotta afirma que o comandante do pelotão foi até a universidade e convocou a ronda escolar para prestar apoio com policiais homens e mulheres. "Chegando ao local, foi verificado que ela não estava em trajes mínimos, estava com jaleco que alguém deve ter passado para ela", relata o militar. "A única coisa que a estudante pediu foi que gostaria de ir embora, sair da sala de aula. Como já estavam o sargento e a ronda escolar, cinco policiais fizeram o acompanhamento da jovem, que foi conduzida até a residência em uma viatura da ronda escolar."

De acordo com o capitão, a estudante não quis a elaboração de boletim de ocorrência. "Nem universidade, nem aluna ou qualquer outro estudante desejou fazer o relato até o momento", garante. "A gente foi mais para um atendimento social, para dar um apoio e diminuir o estresse ou a crise", diz Cotta. Até a tarde desta sexta-feira (30/10), não havia nenhuma ocorrência registrada na 2ª Delegacia de Polícia de São Bernardo do Campo, que fica a menos de um quilômetro da universidade.

Em nota divulgada pela assessoria de imprensa da Uniban, a instituição afirma que no dia seguinte ao fato instaurou uma sindicância para apurar o ocorrido no câmpus ABC. "Alunos, professores, seguranças e também a aluna estão sendo ouvidos individualmente pela universidade, que pretende aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto, conforme o seu regimento interno, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa", diz o documento. O texto destaca ainda que a posição da Uniban "é de total repúdio a qualquer manifestação de preconceito de gênero e qualquer forma de difamação ou violência."

A nota esclarece ainda que algumas matérias veiculadas na imprensa estão equivocadas "quando se refere ao crime de tentativa de estupro, uma vez que não houve qualquer contato físico nem perseguição à aluna. O que houve foram manifestações verbais de caráter ofensivo."

Fonte: Miséria

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