viabilidade técnica e econômica de se construir usinas que aproveitem o lixo para gerar energia é avaliada por agência americana
A possibilidade de produzir energia através do lixo começa a ser estudada no Ceará. Hoje, a estimativa é de que os atuais aterros espalhados pelo Estado tenham capacidade para gerar de 10 a 12 megawatts (MW) de energia (o suficiente para 25 atender mil habitantes), segundo informa o coordenador de Energia e Comunicações da Secretaria estadual de Infraestrutura (Seinfra), Renato Rolim.
Já a viabilidade técnica e econômico-financeira de se construir usinas por aqui que aproveitem esse potencial será avaliada por uma agência americana, que bancará os custos do estudo. Acreditando nessa fonte, novos aterros a serem construídos no Ceará já estão sendo pensados com uma usina de geração de eletricidade acoplada a seus projetos. Na semana passada, foi realizado um encontro entre a Seinfra, a Secretaria de Cidades e a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Usepa), onde foram discutidos o manejo de aterros sanitários e o aproveitamento energético do chamado biogás. De acordo com Rolim, a agência norte-americana tem interesse em fazer essas análises de potencial em todo o Brasil. Para a implantação dessas usinas, é necessário o estudo de viabilidade, que vai indicar o potencial de geração do biogás no aterro, em função da quantidade e da composição dos resíduos aterrados, além de avaliar o custo de geração da energia elétrica, em comparação com o valor cobrado pela concessionária local. O que atrairia a agência americana, assim como empresas de várias partes do mundo, é o crédito de carbono gerado com essas iniciativas. Isso porque essas usinas reduzem as emissões dos gases causadores do efeito estufa, gerando esses créditos, que podem ser comercializados, de acordo com o determinado pelo Protocolo de Kioto. Entretanto, a entrada do investimento privado nesses projetos, permitindo a criação de PPPs (Parceiras Público Privadas) ainda não está sendo trabalhada. "Nós vamos primeiro ver a viabilidade dessas usinas", explica Rolim, informando que a Usepa fará uma próxima reunião no Estado em abril do próximo ano, na qual discutirá a tecnologia hoje empregada nesses sistemas.
Entretanto, mesmo que o governo ainda não esteja prospectando a iniciativa privada, empresários de vários países já buscaram o Estado para investir nesses projetos. "Nós já tivemos visitas de empresários da Alemanha, de Portugal e dos Estados Unidos, por conta dos crédito de carbono", informa o orientador de Célula da Secretaria das Cidades, Paulo César Abreu. Segundo ele, já foi feito um estudo sobre a destinação do lixo em todo o Estado, e o diagnóstico é que seria necessária a construção de cerca de 30 novos aterros. A solução, afirma, já está em andamento com a instalação de 27 novos equipamentos destes - todos incluindo a usina de geração de energia -, através de consórcios entre os municípios. Já existem quatro consórcios formados e dois deles, localizados em Paracuru e no Cariri, já tiveram o projeto executivo do aterro licitado. A expectativa, segundo Abreu, é que até o final do ano a construção desses dois seja licitada. "Dos demais, cinco estão com o projeto executivo em licitação e os outros devem ter seus consórcios formados até o fim do ano que vem", informa. Atualmente, existem três aterros na Região Metropolitana de Fortaleza, e outros três no Interior. Os municípios de Iguatu e Camocim também já estariam com equipamentos prontos, mas ainda não iniciaram a sua operação.
RECICLAGEM
1 kg de lixo Gera energia para:
Secador de cabelos Por 24 minutos
Máquina de lavar Por 20 minutos
Geladeira Por 2 horas e 52 minutos
aparelho de TV Por 5 horas e 45 minutos
Forno elétrico Por cerca de 22 minutos
Ferro elétrico Por 43 minutos
Computador Por 5 horas
GERAÇÃO EM ATERRO
País não tem usina do tipo
A instalação de usinas de produção de energia em aterros, também chamadas de Unidades de Reciclagem Energética de Resíduos Sólidos Urbanos (UREs), já é realidade em vários países do mundo. Já existem em funcionamento cerca de 700 delas ao redor do globo, enquanto ainda não há nenhuma em funcionamento no Brasil.
"Somente na Alemanha, temos 88 unidades em operação tratando 40% do lixo do país, equivalente a mais de 17 milhões de toneladas de lixo por ano. O restante é reciclado, e existem legislações proibindo a criação de novos aterros", afirma Ricardo Buono Rizzo, diretor do Doutores do Meio Ambiente (DDMA), químico industrial pela Unicamp e consultor em projetos na área ambiental e energias renováveis.
Formação de PPPs
A solução para a viabilidade desses projetos seria a formação de PPPs, segundo acredita o diretor-executivo da Actuale - consultoria especializada em viabilizar contratos de Parceria Público-Privadas (PPPs) -, Igor Furniel. "A construção da usina de lixo trará vantagens tanto para o meio ambiente quanto para a população.
Depois de finalizado, o empreendimento contribuirá para a geração de empregos na região e para o desenvolvimento de tecnologias eficientes, trazendo processos sustentáveis e riqueza à cidade em que a usina for implementada", destaca.
A Actuale foi contratada pela prefeitura de São Sebastião, no litoral paulista, para buscar uma solução para o lixo do município e reduzir o custo, apontando o processo de reciclagem energética como a melhor alternativa. A reciclagem energética utiliza o tratamento térmico dos resíduos na geração de energia. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são geradas diariamente cerca de 150 mil toneladas de resíduos domiciliares, e mais da metade é tratada de forma inadequada (SS).
SÉRGIO DE SOUSA
REPÓRTER
A possibilidade de produzir energia através do lixo começa a ser estudada no Ceará. Hoje, a estimativa é de que os atuais aterros espalhados pelo Estado tenham capacidade para gerar de 10 a 12 megawatts (MW) de energia (o suficiente para 25 atender mil habitantes), segundo informa o coordenador de Energia e Comunicações da Secretaria estadual de Infraestrutura (Seinfra), Renato Rolim.
Já a viabilidade técnica e econômico-financeira de se construir usinas por aqui que aproveitem esse potencial será avaliada por uma agência americana, que bancará os custos do estudo. Acreditando nessa fonte, novos aterros a serem construídos no Ceará já estão sendo pensados com uma usina de geração de eletricidade acoplada a seus projetos. Na semana passada, foi realizado um encontro entre a Seinfra, a Secretaria de Cidades e a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Usepa), onde foram discutidos o manejo de aterros sanitários e o aproveitamento energético do chamado biogás. De acordo com Rolim, a agência norte-americana tem interesse em fazer essas análises de potencial em todo o Brasil. Para a implantação dessas usinas, é necessário o estudo de viabilidade, que vai indicar o potencial de geração do biogás no aterro, em função da quantidade e da composição dos resíduos aterrados, além de avaliar o custo de geração da energia elétrica, em comparação com o valor cobrado pela concessionária local. O que atrairia a agência americana, assim como empresas de várias partes do mundo, é o crédito de carbono gerado com essas iniciativas. Isso porque essas usinas reduzem as emissões dos gases causadores do efeito estufa, gerando esses créditos, que podem ser comercializados, de acordo com o determinado pelo Protocolo de Kioto. Entretanto, a entrada do investimento privado nesses projetos, permitindo a criação de PPPs (Parceiras Público Privadas) ainda não está sendo trabalhada. "Nós vamos primeiro ver a viabilidade dessas usinas", explica Rolim, informando que a Usepa fará uma próxima reunião no Estado em abril do próximo ano, na qual discutirá a tecnologia hoje empregada nesses sistemas.
Entretanto, mesmo que o governo ainda não esteja prospectando a iniciativa privada, empresários de vários países já buscaram o Estado para investir nesses projetos. "Nós já tivemos visitas de empresários da Alemanha, de Portugal e dos Estados Unidos, por conta dos crédito de carbono", informa o orientador de Célula da Secretaria das Cidades, Paulo César Abreu. Segundo ele, já foi feito um estudo sobre a destinação do lixo em todo o Estado, e o diagnóstico é que seria necessária a construção de cerca de 30 novos aterros. A solução, afirma, já está em andamento com a instalação de 27 novos equipamentos destes - todos incluindo a usina de geração de energia -, através de consórcios entre os municípios. Já existem quatro consórcios formados e dois deles, localizados em Paracuru e no Cariri, já tiveram o projeto executivo do aterro licitado. A expectativa, segundo Abreu, é que até o final do ano a construção desses dois seja licitada. "Dos demais, cinco estão com o projeto executivo em licitação e os outros devem ter seus consórcios formados até o fim do ano que vem", informa. Atualmente, existem três aterros na Região Metropolitana de Fortaleza, e outros três no Interior. Os municípios de Iguatu e Camocim também já estariam com equipamentos prontos, mas ainda não iniciaram a sua operação.
RECICLAGEM
1 kg de lixo Gera energia para:
Secador de cabelos Por 24 minutos
Máquina de lavar Por 20 minutos
Geladeira Por 2 horas e 52 minutos
aparelho de TV Por 5 horas e 45 minutos
Forno elétrico Por cerca de 22 minutos
Ferro elétrico Por 43 minutos
Computador Por 5 horas
GERAÇÃO EM ATERRO
País não tem usina do tipo
A instalação de usinas de produção de energia em aterros, também chamadas de Unidades de Reciclagem Energética de Resíduos Sólidos Urbanos (UREs), já é realidade em vários países do mundo. Já existem em funcionamento cerca de 700 delas ao redor do globo, enquanto ainda não há nenhuma em funcionamento no Brasil.
"Somente na Alemanha, temos 88 unidades em operação tratando 40% do lixo do país, equivalente a mais de 17 milhões de toneladas de lixo por ano. O restante é reciclado, e existem legislações proibindo a criação de novos aterros", afirma Ricardo Buono Rizzo, diretor do Doutores do Meio Ambiente (DDMA), químico industrial pela Unicamp e consultor em projetos na área ambiental e energias renováveis.
Formação de PPPs
A solução para a viabilidade desses projetos seria a formação de PPPs, segundo acredita o diretor-executivo da Actuale - consultoria especializada em viabilizar contratos de Parceria Público-Privadas (PPPs) -, Igor Furniel. "A construção da usina de lixo trará vantagens tanto para o meio ambiente quanto para a população.
Depois de finalizado, o empreendimento contribuirá para a geração de empregos na região e para o desenvolvimento de tecnologias eficientes, trazendo processos sustentáveis e riqueza à cidade em que a usina for implementada", destaca.
A Actuale foi contratada pela prefeitura de São Sebastião, no litoral paulista, para buscar uma solução para o lixo do município e reduzir o custo, apontando o processo de reciclagem energética como a melhor alternativa. A reciclagem energética utiliza o tratamento térmico dos resíduos na geração de energia. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são geradas diariamente cerca de 150 mil toneladas de resíduos domiciliares, e mais da metade é tratada de forma inadequada (SS).
SÉRGIO DE SOUSA
REPÓRTER
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