Sementes plantadas e não germinadas em Forquilha e Brejo Santo somam prejuízo em mais de R$ 220 mil
Fortaleza. Apenas 16% das sementes distribuídas no Estado foram plantadas até agora pelos agricultores no Interior. Este percentual corresponde a 672 toneladas, do total de 4.200t do Programa Hora de Plantar. Parte do que já foi plantado resultou em perdas no campo e prejuízos financeiros para o erário público. Em alguns municípios do Interior, as perdas já chegam a 80%, caso de Brejo Santo; e 60%, em Forquilha, nas culturas de milho e feijão.
Segundo a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), o quilo da semente de feijão custa R$ 5,20. Já o milho variedade, R$ 1,80. Considerando esses valores, só em Brejo Santo o prejuízo financeiro pode ser calculado em R$ 212 mil nas duas culturas. Em Forquilha, os prejuízos somam R$ 16.840 nas perdas de milho e feijão.
Os agricultores de Brejo Santo não possuem mais sementes e aguardam receber mais 50 toneladas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce). Além de Brejo Santo, Umirim, Senador Pompeu, Aratuba e Irauçuba também encaminharam ofício à Ematerce para receber mais sementes, com a finalidade de garantir a produção a partir de 19 de março, dia de São José, quando os agricultores apostam em renovação das chuvas.
O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brejo Santo, Nildo Santos, informa que a perda foi quase total. "Tudo o que recebemos foi plantado. Por isso, esperamos receber mais. Sempre temos a expectativa de que vai chover", diz. Para avaliar os danos com mais precisão, Santos diz que todos os agricultores de Brejo Santo participarão de uma reunião no fim de março com o objetivo de informar as perdas na lavoura.
Quando somadas as culturas de feijão (2.500kg) e milho (140 mil kg), Brejo Santo teve investimento de R$ 265 mil. Com base no prejuízo, os agricultores perderam 2.000kg de sementes de feijão e mais 112 mil quilos de milho. "Não sabemos quando chegarão as toneladas", diz Santos. A cidade de Forquilha, na Zona Norte, também apresentou perda estimada em 60%, o equivalente as 5,2 toneladas de feijão e milho.
No entanto, a Ematerce ainda não possui uma estimativa das perdas na safra e aguarda o relatório oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ser publicado no fim de março. O coordenador da Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Itamar Lemos, disse que pode haver remanejamento de sementes para as cidades que apresentarem demandas, como no caso de Brejo Santo. "Os produtores esperam que chova. Ainda é cedo para informar algum prejuízo, mas vamos esperar a passagem do equinócio para saber a realidade das perdas no campo", diz Lemos.
A área delimitada para o plantio, conforme expectativa da Ematerce, era de 256.567 hectares e o valor bruto da produção agrícola no Ceará estava estimado em R$ 413 milhões. No entanto, com as perdas no plantio, o valor da produção e até os 48 mil empregos diretos que estavam previstos, oriundos da lavoura, estão prejudicados.
Zona Norte
Nesta região, a previsão é a de que cerca de 60% das sementes distribuídas entre os agricultores assistidos pelo Programa Hora de Plantar foi plantado e perdida, segundo estimativa feita pelo presidente do Sindicato do Trabalhadores Rurais de Forquilha (STR), Antônio Rodrigues de Vasconcelos.
No município, cerca de 600 agricultores estão inseridos nos programas dos governos Federal e Estadual. "Nós distribuímos entre eles 5,2 toneladas de sementes, entre milho (3 mil quilos) e feijão (2.200kg), e acreditamos que ainda resta cerca de 40% dessas sementes para serem plantadas. Quem plantou, já considera perda total", disse Rodrigues. A expectativa é de replantio desses 40%, caso chova na região.
A informação dada pelo presidente do sindicato é confirmada pelo agricultor Raimundo Nonato Siqueira que, apesar de não estar inserido no programa, diz que plantou milhão, feijão, melancia e jerimum. "Mesmo se chover nos próximos dias, não dá mais para salvar a lavoura. Se eu quiser colher alguma coisa, vou ter que esperar chover e plantar novamente", disse.
Para o presidente do sindicato, a preocupação não está só relacionado à agricultura familiar, mas também em outros setores. "Os pequenos pecuaristas vão ter que se desprender de rebanho, porque o pasto está seco e sem chuva. Não há como recuperar. Sem o pasto, estes animais vão morrer", alerta.
Programa
Em todo o Ceará, 136.674 agricultores receberam 4.200 toneladas de sementes das culturas de feijão, milho, arroz, sorgo, algodão, mamona, gergelim, girassol e amendoim.
Paralelamente, o Governo do Estado também entregou mandioca, sementes de cana-de-açúcar, mudas de cajueiro anão e cinco milhões de raquetes de palma forrageira. Cerca de 90% das sementes foram produzidas pela Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Ceará e os 10% restantes foram adquiridos de fora.
Perdas
"Ainda é cedo para informar algum prejuízo, mas vamos esperar para saber a realidade das perdas"
Itamar lemos
Coordenador da Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Agrário
MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) - Ematerce
Av. Bezerra de Menezes, 1820
(85) 3101.8002 / 3101.2416
Maurício vieira / Wilson gomes
Repórter / Colaborador
SEM SAFRA
Produtores amargam prejuízos
Iguatu. A primeira quinzena de março terminou e as chuvas tão esperadas pelos agricultores ainda não chegaram. No campo, a seca castiga o plantio feito em meados de fevereiro passado. Na região Centro-Sul do Estado, o cultivo de sequeiro de milho e feijão está morrendo. A terra está seca e as folhas da lavoura murchando. O clima é de tristeza entre os produtores rurais que amargam prejuízo.
Na região dos Inhamuns e no Sertão de Crateús sequer houve plantio porque não chove há mais de 45 dias. Os agricultores ainda mantêm a esperança de que o inverno comece após a celebração do dia dedicado a São José, próximo 19. O produtor Antônio Ferreira Lima plantou há um mês dois hectares de milho na localidade de Cascudo, zona rural do município de Icó, e disse que metade da plantação já está perdida. "Estou esperando somente chuva, que não vem", disse. "A terra está seca e o milho está morrendo".
Em Juazeiro do Norte, continuam disponíveis sementes do Programa Hora de Plantar, do Governo do Estado, em alguns armazéns da região. De acordo com o gerente regional da Ematerce, Adonias Sobreira, locais das cidades de Missão Velha, Santana do Cariri, Juazeiro do Norte, Crato, os produtores levaram sementes, no entanto, há estoque maior em alguns deles. Em Jardim, município onde praticamente não choveu, o estoque é maior.
Mesmo sem tantas perspectivas quanto a um bom inverno, o gerente admite que o momento é aguardar o equinócio, também período de comemoração do Dia de São José. Mesmo assim, o ciclo de chuvas será pequeno, dando para aproveitar somente pequena produtividade de plantios curtos, como de milho e feijão.
"A distribuição de sementes selecionadas da Ematerce no Sertão Central deve continuar", informou o gerente do escritório de Quixadá, engenheiro agrônomo Moacir da Silva. Como ainda não choveu, a procura tem sido pouca. Mesmo assim, alguns preferem ficar com o material estocado. Se o inverno não chegar devem guardar. Mas há quem prefira usar como alimento. O feijão vai para a panela e o milho para os bichos.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Quixadá (STTRQ), Eronilton Buriti, pelo menos 40% dos lavradores habituados com os cultivos de sequeiro, de feijão e de milho, apostaram nas chuvas de janeiro. Utilizaram sementes estocadas nos tambores, da colheita do ano passado. A situação é praticamente a mesma nos demais municípios da região. Quem insistiu perdeu tudo. Mesmo assim, continuam aguardando o início da quadra invernosa.
Haroldo da Silva Pereira, trabalhador rural de Juá, é um deles. Resolveu plantar 4ha de feijão e de milho no começo de janeiro. Insistiu em fevereiro. O prejuízo só não foi maior porque a plantação atrofiada está servindo de alimento para o gado. Por conta da perda, está preocupado. Caso não chova até o fim deste mês, o jeito vai ser recorrer ao Governo. Além do carro-pipa, quem da terra vive, vai precisar de cestas de alimentos e da antecipação do pagamento do Garantia Safra.
Fonte: Diario do Nordeste
Fortaleza. Apenas 16% das sementes distribuídas no Estado foram plantadas até agora pelos agricultores no Interior. Este percentual corresponde a 672 toneladas, do total de 4.200t do Programa Hora de Plantar. Parte do que já foi plantado resultou em perdas no campo e prejuízos financeiros para o erário público. Em alguns municípios do Interior, as perdas já chegam a 80%, caso de Brejo Santo; e 60%, em Forquilha, nas culturas de milho e feijão.
Segundo a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), o quilo da semente de feijão custa R$ 5,20. Já o milho variedade, R$ 1,80. Considerando esses valores, só em Brejo Santo o prejuízo financeiro pode ser calculado em R$ 212 mil nas duas culturas. Em Forquilha, os prejuízos somam R$ 16.840 nas perdas de milho e feijão.
Os agricultores de Brejo Santo não possuem mais sementes e aguardam receber mais 50 toneladas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce). Além de Brejo Santo, Umirim, Senador Pompeu, Aratuba e Irauçuba também encaminharam ofício à Ematerce para receber mais sementes, com a finalidade de garantir a produção a partir de 19 de março, dia de São José, quando os agricultores apostam em renovação das chuvas.
O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brejo Santo, Nildo Santos, informa que a perda foi quase total. "Tudo o que recebemos foi plantado. Por isso, esperamos receber mais. Sempre temos a expectativa de que vai chover", diz. Para avaliar os danos com mais precisão, Santos diz que todos os agricultores de Brejo Santo participarão de uma reunião no fim de março com o objetivo de informar as perdas na lavoura.
Quando somadas as culturas de feijão (2.500kg) e milho (140 mil kg), Brejo Santo teve investimento de R$ 265 mil. Com base no prejuízo, os agricultores perderam 2.000kg de sementes de feijão e mais 112 mil quilos de milho. "Não sabemos quando chegarão as toneladas", diz Santos. A cidade de Forquilha, na Zona Norte, também apresentou perda estimada em 60%, o equivalente as 5,2 toneladas de feijão e milho.
No entanto, a Ematerce ainda não possui uma estimativa das perdas na safra e aguarda o relatório oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ser publicado no fim de março. O coordenador da Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Itamar Lemos, disse que pode haver remanejamento de sementes para as cidades que apresentarem demandas, como no caso de Brejo Santo. "Os produtores esperam que chova. Ainda é cedo para informar algum prejuízo, mas vamos esperar a passagem do equinócio para saber a realidade das perdas no campo", diz Lemos.
A área delimitada para o plantio, conforme expectativa da Ematerce, era de 256.567 hectares e o valor bruto da produção agrícola no Ceará estava estimado em R$ 413 milhões. No entanto, com as perdas no plantio, o valor da produção e até os 48 mil empregos diretos que estavam previstos, oriundos da lavoura, estão prejudicados.
Zona Norte
Nesta região, a previsão é a de que cerca de 60% das sementes distribuídas entre os agricultores assistidos pelo Programa Hora de Plantar foi plantado e perdida, segundo estimativa feita pelo presidente do Sindicato do Trabalhadores Rurais de Forquilha (STR), Antônio Rodrigues de Vasconcelos.
No município, cerca de 600 agricultores estão inseridos nos programas dos governos Federal e Estadual. "Nós distribuímos entre eles 5,2 toneladas de sementes, entre milho (3 mil quilos) e feijão (2.200kg), e acreditamos que ainda resta cerca de 40% dessas sementes para serem plantadas. Quem plantou, já considera perda total", disse Rodrigues. A expectativa é de replantio desses 40%, caso chova na região.
A informação dada pelo presidente do sindicato é confirmada pelo agricultor Raimundo Nonato Siqueira que, apesar de não estar inserido no programa, diz que plantou milhão, feijão, melancia e jerimum. "Mesmo se chover nos próximos dias, não dá mais para salvar a lavoura. Se eu quiser colher alguma coisa, vou ter que esperar chover e plantar novamente", disse.
Para o presidente do sindicato, a preocupação não está só relacionado à agricultura familiar, mas também em outros setores. "Os pequenos pecuaristas vão ter que se desprender de rebanho, porque o pasto está seco e sem chuva. Não há como recuperar. Sem o pasto, estes animais vão morrer", alerta.
Programa
Em todo o Ceará, 136.674 agricultores receberam 4.200 toneladas de sementes das culturas de feijão, milho, arroz, sorgo, algodão, mamona, gergelim, girassol e amendoim.
Paralelamente, o Governo do Estado também entregou mandioca, sementes de cana-de-açúcar, mudas de cajueiro anão e cinco milhões de raquetes de palma forrageira. Cerca de 90% das sementes foram produzidas pela Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Ceará e os 10% restantes foram adquiridos de fora.
Perdas
"Ainda é cedo para informar algum prejuízo, mas vamos esperar para saber a realidade das perdas"
Itamar lemos
Coordenador da Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Agrário
MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) - Ematerce
Av. Bezerra de Menezes, 1820
(85) 3101.8002 / 3101.2416
Maurício vieira / Wilson gomes
Repórter / Colaborador
SEM SAFRA
Produtores amargam prejuízos
Iguatu. A primeira quinzena de março terminou e as chuvas tão esperadas pelos agricultores ainda não chegaram. No campo, a seca castiga o plantio feito em meados de fevereiro passado. Na região Centro-Sul do Estado, o cultivo de sequeiro de milho e feijão está morrendo. A terra está seca e as folhas da lavoura murchando. O clima é de tristeza entre os produtores rurais que amargam prejuízo.
Na região dos Inhamuns e no Sertão de Crateús sequer houve plantio porque não chove há mais de 45 dias. Os agricultores ainda mantêm a esperança de que o inverno comece após a celebração do dia dedicado a São José, próximo 19. O produtor Antônio Ferreira Lima plantou há um mês dois hectares de milho na localidade de Cascudo, zona rural do município de Icó, e disse que metade da plantação já está perdida. "Estou esperando somente chuva, que não vem", disse. "A terra está seca e o milho está morrendo".
Em Juazeiro do Norte, continuam disponíveis sementes do Programa Hora de Plantar, do Governo do Estado, em alguns armazéns da região. De acordo com o gerente regional da Ematerce, Adonias Sobreira, locais das cidades de Missão Velha, Santana do Cariri, Juazeiro do Norte, Crato, os produtores levaram sementes, no entanto, há estoque maior em alguns deles. Em Jardim, município onde praticamente não choveu, o estoque é maior.
Mesmo sem tantas perspectivas quanto a um bom inverno, o gerente admite que o momento é aguardar o equinócio, também período de comemoração do Dia de São José. Mesmo assim, o ciclo de chuvas será pequeno, dando para aproveitar somente pequena produtividade de plantios curtos, como de milho e feijão.
"A distribuição de sementes selecionadas da Ematerce no Sertão Central deve continuar", informou o gerente do escritório de Quixadá, engenheiro agrônomo Moacir da Silva. Como ainda não choveu, a procura tem sido pouca. Mesmo assim, alguns preferem ficar com o material estocado. Se o inverno não chegar devem guardar. Mas há quem prefira usar como alimento. O feijão vai para a panela e o milho para os bichos.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Quixadá (STTRQ), Eronilton Buriti, pelo menos 40% dos lavradores habituados com os cultivos de sequeiro, de feijão e de milho, apostaram nas chuvas de janeiro. Utilizaram sementes estocadas nos tambores, da colheita do ano passado. A situação é praticamente a mesma nos demais municípios da região. Quem insistiu perdeu tudo. Mesmo assim, continuam aguardando o início da quadra invernosa.
Haroldo da Silva Pereira, trabalhador rural de Juá, é um deles. Resolveu plantar 4ha de feijão e de milho no começo de janeiro. Insistiu em fevereiro. O prejuízo só não foi maior porque a plantação atrofiada está servindo de alimento para o gado. Por conta da perda, está preocupado. Caso não chova até o fim deste mês, o jeito vai ser recorrer ao Governo. Além do carro-pipa, quem da terra vive, vai precisar de cestas de alimentos e da antecipação do pagamento do Garantia Safra.
Fonte: Diario do Nordeste
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