Baixou para 40,5ºC a temperatura da água da cacimba do Sítio Riacho Seco, na zona rural deste município. Na manhã de quinta-feira, o reservatório chegou a registrar um aquecimento acima de 60ºC. "Mesmo assim, o nível de calor está acima do normal", diz o geólogo Carlos Hindemburgo, funcionário do Agropolo do Cariri, esclarecendo que a temperatura normal de água na região seria de 23ºC, levando-se em consideração o recurso hídrico encontrado a menos de oito metros de profundidade.
Foto: site Miséria
Foi afastada a hipótese de o aquecimento ter sido provocado por um curto-circuito da bomba, uma vez que a cacimba, mesmo depois de esvaziada e a água renovada, continua quente. Os geólogos trabalham agora com duas hipóteses: uma reação química, provocada pela presença de minerais no interior do cacimbão, ou grau geotérmico, que está relacionado com a temperatura no interior da terra. Hindemburgo explica que o grau geotérmico varia de um lugar para o outro, em razão do tipo de rocha ou pela influência do vulcanismo.
Teoricamente, está afastada a possibilidade de reação química. A água não apresenta nenhum mau cheiro. "Foi afastada, por exemplo, a presença de enxofre, um elemento químico facilmente identificado pelo forte odor", diz o geólogo do Geopark Araripe, Idálécio de Freitas, advertindo que, enquanto não for feita a análise, a água não deve ser utilizada para o consumo humano. Os geólogos orientaram que, por enquanto, a água pode ser utilizada para banhos e lavagem de louças.
Análise
A amostra da água para análise de laboratório foi colhida pelo geólogo Raimundo Romcy que, ontem, voltou ao sítio para acompanhar o fenômeno. Somente depois do resultado da análise, que deve ser liberado em uma semana, é que, segundo o geólogo, é possível um diagnóstico conclusivo.
Os geólogos afirmam que, se o resultado da análise não acusar a presença de minerais que provoquem o aquecimento da água, o problema está relacionado com atividades vulcânicas. Neste caso, o assunto deve ser encaminhado à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), conhecida por Serviço Geológico do Brasil, que tem condições técnicas de dar prosseguimento às pesquisas. Enquanto os técnicos não têm uma definição sobre o fenômeno, os moradores do sítio estão preocupados com o problema.
O proprietário da área, Marcelo Barros Santana, já pensou em mandar entupir a cacimba com um caminhão de areia, para evitar a chegada de um maior número de curiosos. Ele diz que, de vez em quando, chega uma pessoa com uma informação absurda sobre o fenômeno. "Já disseram até que era coisa do capeta".
Medo e torcida
A dona-de-casa Maria Gonçalves, que mora numa propriedade vizinha, diz que não dorme de noite com medo da água da cacimba dela também ficar aquecida. "Passei a noite tomando suco de limão para acalmar os nervos", diz dona Maria. Enquanto a mulher "morre de medo", o vizinho do lado esquerdo, Maximiano Ximenes, está pedindo a Deus que o lençol freático do subsolo de sua propriedade seja aquecido. Ele quer transformar a sua fazenda numa estância hidromineral.
O sonho de Ximenes pode ser concretizado. O geólogo lembra que as fontes de águas térmicas que estão sendo exploradas tiveram origem em fenômenos parecidos com os de Missão Velha. O geólogo Artur Andrade, chefe do escritório regional do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), lembra a Estância Termal de Brejo das Freiras, na Paraíba, e as águas do Caldas, em Barbalha, como exemplos.
Fonte: Diário do Nordeste
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