Museu de Santana do Cariri com novidades

 Elizângela Santos
Um passeio didático pelas formações fossilíferas na Chapada do Araripe. O Museu de Paleontologia de Santana do Cariri reabre em um novo momento de sua história, para fazer o visitante mergulhar na era Cretácea de mais de 110 milhões de anos. Fechado desde 2008, o museu traz um ar de modernidade em meio ao passado pré-histórico. São cerca de 10 mil peças fósseis, entre o material exposto e, também, a reserva técnica.

O espaço de exposição duplicou. A segurança interna passa por um replanejamento e toda a área está climatizada. As réplicas ganham uma iluminação especial, com luzes vermelhas e azuis também destacando as peças. Todo esse ar de modernidade arranca a admiração dos primeiros visitantes da nova etapa. Na lateral do Museu estão estampadas as marcas do Geopark Araripe, da Rede Global de Geopark, cedida pela Unesco; e do próprio Museu, que tem uma perfeita libélula como símbolo. A Pedra Cariri traz os traços característicos de uma cidade que ficou famosa pela sua riqueza paleontológica. Está no piso, nas paredes, e é a mola propulsora de uma economia local responsável pela renda de milhares de famílias.

A biblioteca e o espaço de laboratórios têm uma nova dimensionalidade dentro do espaço. Segundo o diretor do Museu, professor Álamo Feitosa, doutor em Paleontologia, a pesquisa científica ganha com esse novo momento. Segundo ele, os equipamentos destinados às pesquisas dispostos dão um novo rumo para as descobertas paleontológicas. A reserva técnica de milhares de fósseis no Museu abre espaços para a pesquisa local e também para universidade de todo o País e até internacional.

O Museu passou por uma modernização do ambiente. Como parte da obra, várias peças foram restauradas e voltaram a ser expostas. De acordo com o vice-diretor do Museu de Paleontologia, João Kerensky, esta semana o Museu estará aberto a visitação de terça a sábado das 9 às 17 horas e aos domingos, das 9 às 14 horas.

A reforma e a ampliação do Museu tiveram investimento de R$ 805 mil. Prevista inicialmente para R$ 640 mil, houve a necessidade, posteriormente, de uma reforma estrutural, passando pela renovação da parte hidráulica e reforço da elétrica, para dar suporte para os equipamentos instalados no local.

Com a nova roupagem, a perspectiva é haver, a partir de agora, divulgação maior do espaço científico, que fortalece, acima de tudo, para o secretário de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado, René Barreira, o turismo científico na região. "Precisamos interiorizar e desenvolver o turismo no Estado. O Museu é um exemplo de que isso pode ser feito". Ele anunciou, na reabertura no Museu, na sexta-feira última, a aprovação de R$ 1 milhão no orçamento do Estado, para a realização, em novembro deste ano, da Conferência Panamericana de Geoparks, que atrairá dezenas de pesquisadores.

O Museu de Paleontologia é a principal referência do potencial fossilífero do Cariri e que deu um redimensionamento no trato com os fósseis. Segundo os pesquisadores, foi por meio do equipamento que se começou a valorizar com maior propriedade os fósseis e se intensificou uma luta pela preservação do material naregião. O contrabando era um dos principais vilões, hoje, praticamente combatido, por meio de uma vigilância mais determinada e de um trabalho de conscientização da população local.

O equipamento foi criado em meados dos anos 80, pelo então prefeito de Santana do Cariri, Plácido Cidade Nuvens, atual reitor da Universidade Regional do Cariri (Urca), instituição que detém a salvaguarda do Museu. A iniciativa de repassar para a universidade teve o intuito de dispor o material para a pesquisa e preservação. Santana do Cariri hoje é reconhecida por decreto como a Capital da Paleontologia do Estado.

O professor Álamo afirma que, com a duplicação, foi possível expor os fósseis de uma maneira evolutiva, ao longo do tempo, e também em nível de complexidade das espécies. E o trajeto começa pelas plantas, passando pelos insetos, com o grupo de invertebrados e moluscos, até os peixes, anfíbios, tartarugas, lagartos, pterossauros e dinossauros. "Existe toda uma sequência lógica em termos de evolução", explica.

Segundo o diretor, a modernização do museu acompanha atualmente a realidade dos equipamentos no País, com a reserva técnica e os laboratórios, e não se limita apenas a expor peças, mas tem um caráter didático, educativo e, principalmente, científico. Em breve será implantada, conforme Álamo, a parte digital, que irá dispor de informações importantes para os visitantes e manterá uma interatividade com o ambiente e com os livros. "Para quem não quiser ir diretamente à biblioteca, pode fazer busca por meio do computador e obter uma resposta direta ligada a figuras ou imagens e do material que esteja na reserva técnica", explica.

Plácido Cidade Nuvens inaugurou a reabertura da casa. Ele destacou o local como instrumento de pesquisa e desenvolvimento científico da Urca. Em média o museu recebia em torno de 4.200 pessoas, por mês, da região, Estado, do Brasil e Exterior, sendo uma das maiores visitações registradas em museus da região. Com a reabertura, nos novos moldes, essa estimativa poderá aumentar. O Museu de Paleontologia está entre os maiores do País, com a maior coleção da era Cretácea. As peças chamam a atenção dos pesquisadores pelo estado de conservação, inclusive com algumas preservando o tecido mole. Um livro aberto para a descoberta da história da terra e das espécies.
ENQUETE

Importância do lugar
Rafael Paiva
Gerente da Mesorregião da Chapada
O Museu de Santana do Cariri é um dos equipamentos mais organizados, dentro do projeto do Geopark Araripe

Francisco Edval Feitosa
Agricultor
Antes do Museu, Santana era um lugar no canto do mundo. O Museu abriu as portas da cidade. Está lindo e parece um céu

Érica Tavares
Estudante
O museu traz o conhecimento para todos nós de Santana e melhora o turismo. Sem o Museu, a cidade fica sem movimentação

MAIS INFORMAÇÕES

Museu de Paleontologia de Santana do Cariri.
Rua José Augusto, s/n,
Santana do Cariri - CE
(88) 3545.1212

Fonte: Miséria

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