Como andam os trabalhos nas obras da Transnordestina

Antônio Vicelmo Foto: Antônio Vicelmo
A instalação de trilhos da Ferrovia Transnordestina entre Missão Velha e Salgueiro foi paralisada há dois meses. Segundo um funcionário da Transnordestina Lojística, que prefere não se identificar, as chuvas não permitiram a continuidade dos trabalhos. A terraplanagem, em alguns pontos, foi coberta por mato e lama. A passagem de veículos foi interrompida. Um grupo de estudantes de Administração, de Juazeiro do Norte, que pretendia conhecer a ferrovia para um trabalho acadêmico, teve que voltar porque a estrada não deu passagem para as motos. Quatro meses depois do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter comemorado a instalação dos primeiros 15km de trilhos, percorrendo de trem o trecho entre túnel que passa por baixo da CE-393, na localidade denominada de Café da Linha para o Marco Zero, pouca coisa foi feita no percurso de 96km entre as cidades de Missão Velha e Salgueiro.

Nestes quatro meses, foram instalados apenas 10km de trilhos. A previsão inicial era de que seriam implantados 500 a 800 metros de trilhos por dia.

O funcionário da Transnordestina Logística disse que as frequentes chuvas que estão caindo na região inviabilizaram a continuidade dos trabalhos. O equipamento que transporta os trilhos e os dormentes não têm condições de operar no terreno encharcado. "Tem trilho com mais de 100 metros de extensão que pesa 800 quilos", afirmou ele, que também é responsável pela administração do projeto.

Com relação à terraplanagem que vem sendo danificada pelas chuvas, o funcionário esclareceu que o trecho vai se recuperado na medida em que a ferrovia avança. "Não adianta recuperar hoje para a chuva destruir amanhã", esclarece. O projeto de superestrutura da via permanente compreende a execução da camada de lastro de pedra britada, o lançamento da grade de via, abrangendo esta última os trilhos, os dormentes de concreto, as fixações e a instalação dos aparelhos de mudança de via. O consórcio Tiisa/CMC é o executor da implantação da superestrutura.

Os proprietários rurais reclamam de prejuízos causados pela ferrovia. O agropecuarista Antonio Leite Araújo, dono de uma fazenda, no Sítio Carmo, Município de Abaiara, diz que a sua propriedade foi dividida no meio. Com isso, o gado tem que andar 3km para beber água. "Muitas vezes, eu sou obrigado a transportar a água de carro", lamenta o produtor.

O funcionário da Transnordestina esclarece que foram feitas reuniões com todos os proprietários rurais com o objetivo de abrir passagens para animais e transeuntes. "É impossível atender as conveniências individuais", explica ele. A reportagem tentou contatos o Ministério da Integração Nacional e com a Transnordestina Logística S.A. por telefone e emails, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

A implantação da ferrovia conta com um investimento de R$ 5,4 bilhões. A Transnordestina Logística S.A. é a responsável pelo empreendimento. Atualmente, está em curso o lançamento da superestrutura do trecho Missão Velha (CE), a Salgueiro (PE). Na última semana, na sua coluna semanal "Conversa com a Presidenta", Dilma Rousseff afirmou que as obras da Transnordestina devem ser concluídas até o ano de 2013. De acordo com a presidenta, boa parte do empreendimento já saiu do papel. "Os trabalhos da ferrovia estão avançados - mais de 50% do total está com obras em execução", declarou a presidenta.

Produção agrícola

Iniciada em junho de 2006, a construção da linha férrea está dividida em 25 frentes, que empregam 11 mil trabalhadores. Os 1.728 quilômetros da Transnordestina ligarão a cidade de Eliseu Martins (PI), aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), funcionando como rota para o escoamento de produtos agrícolas e de minério do semiárido nordestino.

"Trata-se de um mega empreendimento que vai contribuir para a redução das nossas desigualdades regionais e sociais" e "dará um grande impulso ao desenvolvimento econômico e à geração de empregos no Nordeste", comentou a presidenta Dilma Rousseff.

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