Como se originou? Origem do Dia da Mentira

O primeiro de abril se tornou oficialmente o dia da mentira no ano de 1501, logo que os portugueses chegaram ao Brasil, por conta de brincadeiras que os índios faziam com os colonizadores, enganando-os a respeito da existência de ouro no litoral da terra que havia sido descoberta. A brincadeira foi revelada, e a data acabou sendo registrada como dia da mentira.
Na verdade a explicação acima é que é mentira, mais uma a ser contada na data de 1º de abril há séculos em muitos países do mundo.
Segundo a enciclopédia Britannica (agora é verdade), há registros de brincadeiras do dia da mentira nesta data por muitos séculos, e ela pode ser comparada à festa Hilaria, celebrada em 25 de março na Roma Antiga, ou à celebração indiana Holi, de 31 de março.
Várias versões
Enciclopédias e dicionários de cultura internacionais são quase unânimes ao afirmar que não há um registro oficial da história do primeiro de abril como dia da mentira, ou uma justificativa formal para o dia ser conhecido desta forma em muitos países do mundo, incluindo o Brasil, os Estados Unidos, a Inglaterra e a França.
Uma das explicações é comumente apontada como a mais aceita por historiadores. Ela remonta à época em que o calendário usado pelos países da Europa mudou. Até 1564, o ano novo era comemorado em 25 de março, e os festejos eram prolongados até o dia 1º de abril, e não em janeiro. Foi neste ano que o rei Carlos IX da França determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1º de janeiro, o que causou grande confusão no país e no continente.
Aqui entram duas versões. Uma diz que alguns franceses mais conservadores decidiram manter seus festejos no fim de março, sendo ironizados pelo resto da sociedade. Uma outra explicação, talvez mais realista, lembra que à época os meios de comunicação eram precários, então demorou para que toda a sociedade soubesse da mudança, fazendo com que a confusão fosse aproveitada para que fossem criadas brincadeiras envolvendo mentiras.
De fato, uma pesquisa histórica mostra que a mudança de calendário no início do século XVI não foi tão simples quanto pode parecer e tornou confusa a organização dos diferentes povos da Europa. O decreto do rei francês, assinado em 1564, só teve efeito em 1567, 15 anos antes da reforma do calendário gregoriano de 1582. Alguns países, como a Inglaterra, por exemplo, continuaram comemorando a mudança do ano em 25 de março por mais de um século, só adotando a mudança depois de 1751.
A Britannica diz que, desde o decreto francês, aqueles que continuaram comemorando o novo ano entre março e abril eram chamados de “bobos”, incentivando brincadeiras envolvendo mentiras. A convenção acabou se espalhando, com diferentes nomes e tradições, mas sempre envolvendo brincadeiras que fazem alguém de bobo com mentiras.
Todos os bobos
A primeira menção ao “all fool’s day” (dia de todos os bobos), como chamam a data na Inglaterra e nos Estados Unidos, vem de 1686, segundo o Dicionário de Folclore Inglês. O costume teria chegado ao país pela França e pela Alemanha. O costume teria se popularizado rapidamente, a ponto de ser considerado um hábito universal em textos do século XVIII.
Não há consenso sobre os primeiros registros do “dia da mentira” no Brasil.
Há outras explicações que tentam justificar o “dia da mentira”. Uma delas diz que a ideia veio da natureza, que costumava “enganar” as pessoas na virada de março para abril com mudanças climáticas repentinas. Ao serem feitas de “bobas” pelo tempo, as pessoas acabaram adotando a brincadeira.
Assim como este texto, que começou com uma explicação mentirosa para o dia da mentira, a imprensa mundial já caiu em outras mentiras espalhadas por acadêmicos que se divertiam com a data. Segundo o Huffington Post, um professor da Universidade de Boston fez com que a agência de notícias Associated Press passasse anos divulgando uma versão fictícia para a origem do dia da mentira, falando se tratar de algo da época de Constantino.
Uma coisa é certa: por um dia, é bom desconfiar do que se ouve por aí. 
Fonte: G1

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