Marina Marquez, do R7, em Brasília
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, concedeu entrevista coletiva nesta terça-feira (8) e reiterou que não pretende deixar o cargo. No fim de semana, uma revista revelou que assessores da pasta teriam cobrado propina de ONGs (organizações não governamentais).
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- Vocês verão um caso diferente. Não há nenhuma possibilidade de eu me afastar, não sairei do ministério. Vou continuar até ver isso devidamente esclarecido.
Ele se reuniu hoje com deputados e senadores do PDT na sede do partido, em Brasília, para se defender das denúncias. Alguns pedetistas chegaram a pedir a abertura de investigações contra Lupi, que é presidente nacional da legenda. O ministro, porém, ressaltou que só deixaria o cargo se fosse “abatido à bala”.
- Alguns acharam que era melhor que eu tenha saído. Mas, para me tirar, só abatido à bala. E sendo uma bala pesada, porque sou pesadão.
Lupi afirmou que conta com o apoio total do partido e da presidente e disse duvidar da possibilidade de que Dilma o demita do governo.
- Duvido que ela o faça. Eu conheço ela bem e ela me conhece muito bem depois de 31 anos de vida pública.
No sábado (5), a revista Veja revelou que um suposto esquema de extorsão funcionaria no interior do Ministério do Trabalho. A cobrança de propina de ONGs seguiria um modelo também aplicado nas pastas do Turismo e do Esporte. Nestes dois casos, os respectivos ministros, Pedro Novais e Orlando Silva, deixaram a equipe de Dilma.
Segundo a reportagem, assessores de Lupi, todos ligados ao PDT, teriam cobrado dinheiro para liberar pagamentos a ONGs suspeitas de irregularidades.
Ainda de acordo com a revista, os assessores criavam entraves para a liberação de recursos dos convênios e teriam cobrado de 5% a 15% do valor dos contratos para resolver as pendências.
No mesmo dia, Lupi divulgou uma nota anunciando a demissão do assessor especial Anderson Alexandre dos Santos, citado na reportagem, e a abertura de investigação interna para apurar o caso.
Pedido ao MP
Antes da reunião realizada hoje, três parlamentares do PDT pediram ao Ministério Público Federal a abertura de um inquérito policial para apurar as denúncias. O pedido será encaminhado ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
A solicitação foi feita pelos deputados José Antônio Reguffe (PDT-DF) e Miro Teixeira (PDT-RJ) e pelo senador Pedro Taques (PDT-MT). De acordo com Reguffe, as denúncias são “muito graves” e precisam ser apuradas a fundo.
- Não estamos fazendo prejulgamento de ninguém, mas requisitamos a instalação de inquérito policial pelo procurador-geral da República, pois são denúncias absolutamente graves que precisam ser investigadas a fundo, doa a quem doer. Seja alguém do nosso partido ou não.
Reguffe disse ainda que a decisão de deixar a pasta é uma decisão pessoal do ministro, mas que seria “inteligente da parte dele”.
Nesta segunda-feira (7), a Comissão de Ética Pública da Presidência da República anunciou que vai instaurar um inquérito inicial sobre o caso e deu a Lupi um prazo de dez dias para que ele preste seus esclarecimentos.
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