Porque bocejamos quando alguém boceja

Você está conversando com outra pessoa e ela boceja casualmente. Enquanto você se pergunta se ela está entendiada com a conversa, percebe que também está bocejando. Um homem que está passando vê você bocejando e em seguida boceja também. Isso continua sem parar, passando de uma pessoa para a outra, em um efeito dominó. A ciência ainda está investigando exatamente o que faz você bocejar, mas esse é um fato bem conhecido e pouco estudado: o bocejo é contagioso.

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Mark Ralston/AFP/Getty Images
Os estudos apontaram que o bocejo contagioso está diretamente ligado à nossa capacidade de se conectar com os outros emocionalmente
Sabemos que muitos dos bocejos são causados por sugestão: eles são contagiosos. Você não precisa ver uma pessoa bocejando para involuntariamente bocejar também. Ouvir uma pessoa bocejando ou até mesmo ler sobre o bocejo pode causar a mesma reação. É provável que você boceje pelo menos uma vez enquanto estiver lendo este artigo. O bocejo contagioso, porém, vai muito além da mera sugestão. Estudos recentes mostram que o fenômeno também está relacionado com nossa predisposição à empatia, à capacidade de entender e se conectar com os estados emocionais (em inglês) dos outros. Isso parece estranho, mas o fato de você ser ou não suscetível ao bocejo contagioso na verdade pode estar relacionado à quantidade de empatia que você sente pelos outros.
A empatia é uma parte importante do desenvolvimento cognitivo. Aprendemos desde cedo a nos valorizar com base na quantidade e no tipo de empatia que nossos pais demonstram. Psicólogos do desenvolvimento (em inglês) descobriram que pessoas que não foram tratadas com empatia por seus pais sofrem quando ficam mais velhas. A falta de empatia desde cedo foi apontada como uma causa do desenvolvimento de um comportamento anti-social em adultos [fonte: Montana].
Então a empatia é importante, claro, mas como é possível que ela esteja relacionada com o bocejo contagioso? Deixe que os psicólogos da Universidade Leeds (em inglês), na Inglaterra (em inglês), respondam a essa pergunta. No estudo, os pesquisadores selecionaram 40 estudantes de psicologia e 40 estudantes de engenharia. Cada estudante teve de ficar sozinho em uma sala de espera, junto com uma assistente disfarçada que bocejava 10 vezes durante a mesma quantidade de minutos. Em seguida, os estudantes realizaram um teste de quociente emocional: foram mostradas 40 imagens de olhos (em inglês) aos estudantes, e perguntaram a eles que emoção cada olho demonstrava.
Os resultados do teste apoiaram a idéia de que o bocejo contagioso está relacionado à empatia. Os estudantes de psicologia, que na futura profissão devem se concentrar nos outros, bocejaram uma média de 5,5 vezes de maneira contagiosa na sala de espera e acertaram 28 das 40 imagens no teste emocional. Os estudantes de engenharia, que tendem a se concentrar em coisas como números e sistemas, bocejaram uma média de 1,5 vez e acertaram 25,5 das 40 imagens no teste seguinte. A diferença não parece ser muita, mas os pesquisadores a consideram significativa. De maneira curiosa, as mulheres, que em geral são consideradas mais sintonizadas emocionalmente, não tiveram uma pontuação maior que a dos homens [fonte: The Telegraph].
Esses resultados apóiam o que os neurologistas descobriram por meio das imagens do cérebro: o bocejo contagioso está associado às mesmas partes do cérebro que lidam com a empatia. Essas regiões, o lóbulo quadrado e o giro temporal posterior, estão localizadas na parte de trás do cérebro. E embora a relação entre o bocejo contagioso e a empatia tenha sido estabelecida, as explicações para isso ainda estão sendo investigadas.
Os pesquisadores estão investigando o mundo dos distúrbios de desenvolvimento e dos primatas (em inglês) mais avançados para encontrar respostas para esse enigma. Na próxima seção, vamos dar uma olhada na relação entre a empatia e os animais e descobrir como o autismo afeta a empatia.



Fonte: Howstuff Works

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