Greve no Castelão

Com cerca de 57% de conclusão, o Castelão é mais avançada obra para a Copa do Mundo, a menina dos olhos do Ceará. Pois esta garota está chorando. Os trabalhadores da arena mostraram que nem tudo é alegria no canteiro do Gigante da Boa Vista nesta segunda-feira, quando cruzaram os braços em protesto.

Os cerca de 1.000 operários que constroem a Arena Castelão, palco de seis jogos da Copa do Mundo e maior responsável pelas conquistas de Fortaleza, paralisaram as atividades na manhã de ontem, reivindicando o cumprimento de acordos salariais e melhores condições de trabalho. 
 
O Castelão junta-se a outras obras do Mundial, como a Fonte Nova (BA), o Mineirão (MG), o Estado Nacional (DF), a Arena Pernambuco (PE) e o Maracanã (RJ), que paralisaram ou entraram em greve em algum momento nos últimos meses.
 
 
 
Reivindicações
A decisão por parar os serviços aconteceu após assembleia realizada na manhã de ontem, por volta das 9h. Funcionários terceirizados reclamaram de várias irregularidades. De acordo com o sindicato da categoria (Sintepav-CE), há problemas com salários (com valores diferentes e atrasados), cestas básicas e pagamento de horas extras. Além disso, são reivindicadas melhores condições de alimentação e alojamentos.

O problema, de acordo com o presidente do Sintepav-CE, Raimundo Gomes, reside apenas nas empresas sub-contratadas, que empregam cerca de 50% dos operários (os demais aderiram ao movimento em solidariedade). “A questão do Castelão é algo que debatemos há muito tempo. Toda a questão é a terceirização. 
 
Temos várias empresas que vêm descumprindo o acordo que o consórcio vem cumprindo” – explica Raimundo.

Ele enfatiza que uma das exigências do sindicato é que os trabalhadores que fazem as mesmas funções recebam salários iguais e sejam todos contratados diretamente pelas empresas que fazem parte do Consórcio Construtor. 
 
Hoje, há uma discrepância nos vencimentos e nas condições. “Eles [o Consórcio] contratam empresas terceirizadas para fazer trabalho que eles também fazem. Se têm condição de fazer essas funções, por que terceirizar? Por que precarizar?” – questiona o presidente do sindicato.
 
 
 
Consórcio vai apurar
Ontem à tarde, representantes do Sintepav e do Consórcio Arena Multiuso Castelão (formado pelas empresas Galvão Engenharia, Serveng Civilsan e BWA Tecnologia de Informação) reuniram-se e as empresas admitiram falhas e se comprometeram a apurar as denúncias de irregularidades. A manifestação patronal veio através de nota oficial, publicada no início da noite de ontem.

“Algumas dessas empresas não estariam cumprindo o que ficou acertado no acordo coletivo de trabalho. Visando o melhor atendimento aos trabalhadores e garantir o bom andamento e o cronograma das obras do estádio, o Consórcio se prontificou a fazer um levantamento das demandas apresentadas pelo Sintepav com cada uma das empresas terceirizadas. Comprometeu-se ainda, em solucionar todas as possíveis pendências identificadas imediatamente, garantindo o direito dos trabalhadores” – diz o comunicado.
 
Uma nova reunião entre patrões e empregados acontece hoje, às 10h30. Enquanto isso, a paralisação continua por tempo indeterminado. De acordo com a assessoria do Sintepav, uma nova assembleia está agendada para amanhã, para decidir os encaminhamentos se o impasse ainda não tiver sido solucionado.

A Secretaria Especial da Copa (Secopa), braço governamental responsável por tudo concernente à Copa do Mundo, limitou-se a emitir nota oficial sobre o caso, informando que está ciente da paralisação e trabalhando para superá-la. 
 
“A Secopa está em contato direto com o Consórcio Construtor responsável pela obra do Estádio Castelão para que a situação seja resolvida o mais breve possível, sem danos ao bom andamento da obra e garantindo o direito dos trabalhadores” – declarou o secretário Ferruccio Feitosa.
 
Macário

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