Moreno disse que percebeu na infância que conseguia fazer movimentos com o corpo que normalmente as pessoas não fazem. “Na verdade eu faço isso desde que eu nasci. O curioso é que eu descobri que as pessoas não sabiam fazer isso. Eu lembro o dia que eu estava esticando meu pescoço e alguém virou assim para mim, ‘o que você está fazendo cara?’ Eu falei: esticando meu pescoço né!”, contou.
Com o tempo, Moreno foi aprimorando suas técnicas e começou a apresentar o “Show do Torto”. O estudante explicou que já foi ao médico e o diagnóstico foi de frouxidão ligamentar ou hipermobilidade. Como indicação, ele fez uma reestrutura postural. Moreno convive normalmente com sua hipermobilidade e faz a alegria das pessoas apresentando seu espetáculo de contorcionismo.
O rapaz mora na cidade de Viçosa, na Zona da Mata de Minas Gerais, onde, além de estudar, desenvolve o projeto social “De Jovem Pra Jovem”. “É o melhor projeto que eu participei na vida inteira. Nós juntamos com alunos do Ensino Médio de Viçosa para poder criar novos projetos que provocam mudanças na cidade. A gente descobre quais são os problemas que incomodam eles e criamos soluções”, disse entusiasmado.
Segundo Moreno, o apelido “Torto” pegou devido aos números de contorcionismo. Porém, ele disse que começou a ser chamado dessa forma devido ao estilo de jogar futebol. “Todo mundo falava que parecia que eu jogava capoeira enquanto tava com a bola no meio do campo. Hoje em dia mais da metade das pessoas que eu conheço me chama de Torto, tem gente que nem sabe qual é o meu nome”, finaliza.
Palavra da especialista
A frouxidão ligamentar ou hipermobilidade articular não é considerada uma doença. De acordo com a diretora da Associação Médica de Minas Gerais, Cláudia Fonseca Pereira, atualmente a medicina explica a hipermobilidade como uma diferença na amplitude dos movimentos, o que é considerado normal. “Não é uma doença”, afirma a fisiatra.
Segundo Cláudia, a frouxidão é mais comum nas mulheres, e a mobilidade é potencializada depois da primeira menstruação. Contudo, conforme a fisiatra, independentemente do sexo, a partir dos 40 anos, as pessoas começam a perder, naturalmente, a elasticidade do corpo.
Ainda segundo a médica, a hipermobilidade tem fatores familiares e genéticos. “É por isso que a gente vê famílias inteiras que trabalham com contorcionismo”.
Cláudia disse que as pessoas com frouxidão podem viver normalmente, mas é preciso alguns cuidados para se evitar entorses e luxações nos tornozelos, ombros e joelhos. “É necessário fortalecer os músculos em volta das articulações e evitar movimentos errados. Esse fortalecimento evita também a artrose”, diz.
Ainda de acordo com a fisiatra, é importante que a pessoa faça uma avaliação médica para saber as limitações do corpo e evitar traumatismos
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