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´Com o sexo tântrico a relação pode durar 30 minutos, duas horas ou o dia todo, não existe regra´, disse o mestre Victor Lino, diretor da Prakriti Ioga e professor de sexo tântrico há oito anos.
´No sexo normal você tem um gasto de energia que, no caso do homem, é a ejaculação´, disse. Na prática tântrica o homem não ejacula e, por isso, tem energia para manter o ato sexual por quanto tempo quiser.
A pergunta que pode surgir é: ´mas, então, o home não tem orgasmo?´ A resposta é: ´sim, ele tem. Mais de um por relação e mais intensos´, segundo Lino. ´A ejaculação não tem nada a ver com o orgasmo, ejaculação é eliminação de sêmen, o orgasmo acontece momentos antes. Quando ele não ejacula, tem mais orgasmos e proporciona mais para a mulher também, pois ele não precisa para pelo desperdício de energia´, explicou o mestre.
Segundo Lino, os homens demoram, por vezes, mais de seis meses para conseguir controlar a ejaculação. ´É uma coisa cultural. A dificuldade toda acontece pela cultura, a ligação que ele tem hoje com o sexo e ter que começar a ver diferente´, disse.
A nova visão consiste em interpretar o sexo com o objetivo de autoconhecimento, expansão da consciência, produção de energia, conhecimento do parceiro e evolução. ´Quando existe o foco em valorizar a mulher, fazer com que a relação seja harmonizada, os dois caminham juntos, se chega ao sexo tântrico´, disse ele.
Na intenção de poupar energia, as mulheres param de menstruar, segundo Lino. ´Com tempo, elas conseguem até parar de ovular. Isso tudo sem qualquer remédio, apenas com as técnicas tântricas´, disse o mestre.
Porém, ele garantiu que quando decidir ela pode voltar a ter ovulação. ´O sangue que ela perde causa um estresse no corpo que precisa arrumar formas para supri-lo´, justificou.
O prazer
O criador de uma ideologia de sexo tântrico e coordenador do Centro Metamorfose, Deva Nishok, acredita na mudança de comportamento e aprendizado em relação a ejacular. ´Trabalho sobre o ponto de vista de transcendência da energia sexual´, disse ele.
Nishok explicou que existe o sexo primitivo em que a partir de um estímulo o homem tem ereção e a mulher a lubrificação. ´Ele vem instalado na máquina orgânica, é de fábrica. Então o homem sente compulsão por penetrar e a mulher por ser penetrada´, descreveu.
Na visão tântrica, existe um estado de consciência capaz de sobrepor a esta força primitiva. ´Quando o homem e a mulher conseguem, o ganho sensorial e da qualidade do prazer é astronômico. O orgasmo é muito maior, a qualidade e intensidade são superiores´, disse.
Segundo Nishok, o homem é capaz de obter orgasmos múltiplos ejaculatórios ou não, sem perder a energia.
´Os homens têm capacidade de ejacular até oito vezes. Através de alguns exercícios, o homem aprende a controlar o reflexo sobre os músculos ejaculadores e dominar o processo primitivo. Ele também aprende a ejacular, várias vezes na mesma relação, sem perder a energia´, explicou. ´Ele fica 2h com o pênis ereto, pois o fortalecemos com exercícios´, completou.
Com o tantrismo, a mulher conhece o verdadeiro orgasmo. O prazer descrito pela mulher é, antes do conhecimento tantra, alimentado pela fantasia. ´É um resultado da falta de educação sensorial. Damos início à sexualidade através da masturbação que exige fantasia para acontecer. Com isso o sexo fica atrelado à fantasia´, afirmou.
As técnicas de meditação mudam este conceito, no entanto, é preciso que os dois parceiros tenham conhecimento da filosofia tântrica.
Sexo tântrico: o passo a passo
A técnica nasceu no norte da Índia há mais de 5 mil anos, segundo Lino. Ao longo dos anos se desenvolveram várias vertentes para a filosofia. Nishok explicou que enquanto uma escola é baseada na aplicação psicológica, cheia de representação simbólica e aspectos mitológicos; outra se fundamenta no controle ejaculatório; uma tem um conceito mais filosófico que estuda vida, morte e renascimento; e a neotantra que é liberal.
Na escola de Lino as técnicas são físicas e de meditação, podem ser feitas em casal, em grupos ou individualmente. O curso tem duração de três meses. ´Os alunos não chegam a ter relações sexuais durante as aulas, mas existem exercícios que usam massagens, estímulos e artefatos´, contou.
Uma das atividades visa o trabalho da respiração - uma pessoa senta de frente para outra e se concentram na respiração mútua. ´Em um momento levo diversos alimentos diferentes para os alunos, eles experimentam e vivenciam gostos. É uma aula de percepção´, disse.
Em outro exercício é ensinado uma massagem nos testículos que ativam os hormônios e também a movimentação dos quadris em harmonia com a respiração.
Os alunos de Nishok passam por meditação, trabalho com os genitais para vivências sensoriais e desenvolvimento da região durante dois anos de treinamento. O primeiro passo engloba o olhar e a respiração, segundo ele.
´Os olhos têm um poder sexual que não é aproveitado. Usamos como expressão´, disse ele. Depois, vem a audição que é trabalhada por meio de palavras e transmissão de sentimentos do orgasmo na forma linguística. O olfato também é estimulado com odores diferentes.
Então, chega a vez do tato, com foco na bioeletricidade do corpo. ´O hormônio ocitocina, por exemplo, é produzido com o toque nos mamilos. Imediatamente com o toque é possível sentir uma mudança no corpo todo´, disse Nishok. O clitórios é outra região trabalhada na fase do tato, com massagens.
´Existem 12 mil fibras nervosas entrelaçadas, é muito sensível. O homem tem 6 mil fibras no tecido da glande peniana´, comparou.
Uma técnica importante ensinada por Nishok é o estímulo do clitóris com sucções. ´É como se fosse um sexo oral, mas muito distante destas lambidas que os homens acham que as mulheres gostam. É um movimento cirular com a língua e uma leve sucção ao mesmo tempo´, descreveu. Segundo ele, neste processo, o homem aprende a encontrar onde está o estímulo do prazer na mulher, pois ele muda de região no clitóris.
´O homem precisa aprender a ler os sinais do corpo da mulher´, disse. Antes da penetração, a vulva e o clitóris devem estar inchados e precisa existir lubrificação vaginal, de acordo com Nishok. Na penetração, não tem a compulsão do movimento. ´Tudo é lento e espaçado, o ideal é aprender a ter o orgasmo ao mesmo tempo´, disse.
As quatro posições
´Existem posições muito indicadas para determinados resultados´. Em geral, quatro posições são as mais recomendadas em função do acesso a determinados pontos internos da musculatura vaginal das mulheres, segundo Nishok.
São elas: cachorrinho, em que a mulher fica em quatro apoios de costa para o parceiro; conchinha, em que ambos ficam deitados - o homem atrás da mulher; com o homem deitado de barriga para cima, a mulher sobre ele virada de frente para os pés do parceiro; e sentada sobre o parceiro deitado, mas, desta vez, de frente para a cabeça dele.
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