Homem diz que soluça há três anos

Ruan Melo e Rafaela Ribeiro Do G1 BA

baiano afirma sofrer soluço há ter anos (Foto: Arquivo Pessoal) 
Baiano afirma soluçar há três anos
(Foto: Arquivo Pessoal)
Um morador do município de Santa Maria da Vitória, situado no extremo oeste da Bahia, afirma que sofre com soluços há mais de três anos. Segundo o digitador Luciano Bragança Bahia, de 55 anos, o problema começou em dezembro de 2009, quando ele estava em um bar com uma amiga.
“Começou do nada. Eu estava conversando, tomando uma cerveja. Achei que foi por causa da cerveja, mas não foi. Como demorou muito procurei um médico”, relata Luciano, que enviou a história por meio da ferramenta VC no G1.
Ao longo dos três anos em que está soluçando, Luciano conta que procurou uma série de especialistas e passou por diversos procedimentos cirúrgicos. Nenhum deles solucionou o problema. “Primeiro fiz uma endoscopia. Ela constatou pangastrite, esofagite de refluxo e uma hérnia de hiato. Aí a médica pediu que eu fosse para Brasília. Lá fiz o tratamento. Fiz a primeira cirurgia em janeiro de 2010, uma vídeo laparoscopia. Ela teve que ser repetida porque houve um erro. Depois fiz uma gastroplastia. Eles tiraram 50% do meu estômago. Só que não passou o soluço e o próprio soluço causou uma hérnia. Eu tenho uma hérnia abdominal enorme. Aí os médicos me passaram para os neurocirurgiões. Fiz três experiências neurocirúrgicas em 2012. Furaram minha coluna e nenhuma delas deu certo”, diz.
Como não conseguiu parar de soluçar, Luciano conta que um neurocirurgião de Brasília o aconselhou a instalar um marca passo no nervo frênico, responsável pela respiração. “Aí o neurocirurgião de Brasília me mandou para São Paulo. Ele achou que se instalasse um marca passo no meu nervo frênico ia resolver. Fiquei internado 20 dias. Mas o plano de saúde não liberou a cirurgia, que ficou em torno de R$ 100 mil. Aí vim embora”, lamenta
O professor do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da USP, Erich Talamoni Fonoff, confirmou que Luciano deu entrada no hospital. “Nós conhecemos o paciente, mas não tivemos a chance de tratá-lo. Existem causas, mas as causas que normalmente são encontradas em outros pacientes nele não existem, ainda não foram diagnosticadas. Esse soluço é de difícil controle. Essa enfermidade não resolve de uma hora para outra”, afirma.
Tratamento
Manoel Jacobsen, Diretor Técnico de Serviço de Saúde da Divisão de Neurocirurgia Funcional do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, é um dos idealizadores da técnica do marca passo no nervo frênico. Segundo ele, a unidade hospitalar é a única no Brasil a realizar este tipo de procedimento.
“É uma cirurgia de pequeno porte em que se clona na região da porção mais baixa do pescoço, junto da clavícula, um cabo que vai em contato com o nervo que atua na respiração, o nervo frênico. Através de uma estimulação programada que se entra em contato com o nervo e faz com que a pessoa contraia o diafragma e a respiração entre em sintonia", explica o médico.
De acordo com Jacobsen, o tratamento através do marca passo tem mostrado bons resultados no hospital. "Nos estudos observamos que em cerca de 70% dos casos que nós operamos o resultado de longo prazo foi muito bom, durante pelo menos um ano de acompanhamento. Em mais ou menos 20% houve uma melhora sem alivio completa do sintoma", relata.
O médico Erich Fonoff adverte que mesmo após a implantação do marca passo no nervo frênico, o paciente terá que continuar tratando a doença. “É uma maneira de fazer modulação da atividade motora. Seria uma maneira de nós operarmos ele pra fazer com que ele diminuição. ”Segundo ele, qualquer pessoa que tiver problemas com soluço contínuo, com um dia de duração, deve procurar um médico. “Este tipo de doença provoca problemas respiratórios. O paciente perde muito em qualidade de vida”.
Luciano Bragança relata ainda que as fortes dores causadas pelo soluço impedem que ele durma sem a ajuda de remédios. “Eu não sei o que fazer. Estou há três anos e quatro meses assim. Durmo mal, acordo várias vezes durante a noite. Durmo com a ajuda de remédio, tenho asfixia. Hoje não tenho plano nenhum, só o cartão do SUS”, lamenta.
O morador conta ainda que em janeiro escreveu um e-mail para a presidente Dilma Rousseff pedindo ajuda para a realização da cirurgia para implantação do marca passo. Ele conta que obteve uma resposta através do site da presidente, que informou que o caso dele foi encaminhado para o Ministério da Saúde, que deverá entrar em contato com o paciente.

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