O músico Luiz Carlos Leão Duarte Júnior, oChampignon, que foi achado morto aos 35 anos de idade em São Paulo na madrugada desta segunda-feira (9), chegou a fazer ao menos duas declarações de pobreza à Justiça. A alegação do músico é que ele não tinha dinheiro para pagar advogados para defendê-lo de ações cíveis que respondia por causa de dívidas que contraiu.
Levantamento do G1 feito com base em dados do site do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) mostram que o ex-baixista da banda Charlie Brown Jr. aparece em ao menos dez ações em fóruns de cidades como Santos, onde nasceu, São Vicente e na capital paulista. Em sete desses processos, o artista aparece como réu.
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Para a Polícia Civil, Champignon se matou ao usar uma pistola 380 para atirar contra a própria cabeça após discutir com a atual mulher, a cantora Cláudia Bossle Campos, de 32, que está grávida de cinco meses de uma menina. O corpo do artista foi encontrado no escritório do apartamento onde morava com a mulher, na Zona Sul.
Segundo o SPTV, o delegado-geral Luiz Maurício Blazek afirmou que um dos motivos da discussão eram problemas financeiros. O 89º Distrito Policial, no Portal do Morumbi, investiga o caso como suicídio e tenta saber quais foram as motivações para o crime.
Segundo a lei nº 1.060, considera-se pobre judicialmente quem não consegue pagar as custas do processo e do advogado “sem prejuízo do sustento próprio ou da família”. Nessas dez ações, Champignon teve oito advogados.
Em 2006, um ano após sair brigado da Charlie Brown Jr. por divergências com Chorão, Champignon redigiu “declaração de pobreza” de próprio punho para solicitar à Justiça um defensor público para atuar gratuitamente na ação de R$ 100 mil que movia contra a banda para que ela não associasse mais usa imagem ao grupo. O baterista Renato Pelado era co-autor da ação contra Chorão e o produtor musical Rick Bonadio.
O juiz, porém, negou que as condições financeiras do baixista fossem tão ruins, pois este contratou três advogados para defendê-lo. Em 2011, Champignon e Chorão reconciliaram-se, o baixista voltou para o grupo e, finalmente, em junho de 2013, tal processo foi extinto.
Champignon voltou a fazer uma “declaração de pobreza” e “miserabilidade jurídica” em 2009 quando pediu à Justiça gratuitamente um advogado da Defensoria Pública para defendê-lo da ação de “reintegração e manutenção de posse de um imóvel” impetrada contra ele pelo Banco Matone S/A. A instituição financeira cobrava do músico a devolução do apartamento na Rua Caiowá que ele dividia com a antiga mulher Nicole Lanzuolo Duarte em Perdizes. De acordo com o processo, o imóvel de 103 metros quadrados, com duas vagas na garagem estava avaliado em R$ 240 mil à época. O imóvel chegou a ir a leilão no mesmo ano da ação por decisão da Justiça.
Procurado nesta terça-feira (10) pelo G1 para comentar o assunto, o advogado Welesson Jose Reuters de Freitas, que aparece nesse processo de “reintegração” como defensor do músico, afirmou que o defendeu no passado, quando o mesmo chegou a fazer uma declaração de pobreza, mas que não o defende mais.
“Nesse caso dele específico, sou advogado de uma ONG ligada a Defensoria Pública que presta auxílio a pessoas sem recursos. Ele respondia a esse processo por falta de pagamento. Fiquei sabendo que ele [Champignon] faleceu recentemente”, disse por telefone o defensor, que soube pela equipe de reportagem que o artista havia constituído novos defensores. O G1 leu a decisão da Justiça que retirava o benefício do defensor público após ele decidir contratar outros advogados, que não foram localizados para falar do caso até a publicação desta matéria. Os advogados do Banco Matone S/A também não foram encontrados.
Em outra ação de “procedimento ordinário”, a Justiça condenou Champignon em 2009 a pagar R$ 96 mil para a Engeterpa Construções e Participações Ltda. Procurada, a os advogados da empresa não quiseram comentar.
Champignon também foi processado por dívidas menores. Em 2001, o Banco Continental pediu a devolução de um carro. “Ele financiou e não pagou”, disse o advogado Bartholomeu Dalla Mariga Filho, ex-defensor do banco. O valor do veículo era de R$ 64.852,14.
Em ação recente, de 2012, o músico é acionado por não ter pago IPVA de seu carro. Ele tentou reverter a decisão, mas não conseguiu. De acordo com o boletim de ocorrência sobre a morte do artista, ele tinha atualmente um Gol 2007.
Em ação recente, de 2012, o músico é acionado por não ter pago IPVA de seu carro. Ele tentou reverter a decisão, mas não conseguiu. De acordo com o boletim de ocorrência sobre a morte do artista, ele tinha atualmente um Gol 2007.
Suicídio
O delegado seccional Armando de Oliveira Costa Filho disse ao G1 que é "praticamente inafastável a tese de suicídio" do músico. O delegado disse que o caso vai continuar na delegacia da região, descartando inicialmente o envio do inquérito para setor especializado em assassinatos, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Na época da morte do vocalista do Charlie Brown Jr., coube ao DHPP as apurações, que apontaram que a morte de Chorão foi causada por overdose. No caso de Champignon, as evidências coletadas pela investigação apontam que o próprio músico teria segurado usado uma pistola 380 para atirar contra a cabeça.
O delegado seccional Armando de Oliveira Costa Filho disse ao G1 que é "praticamente inafastável a tese de suicídio" do músico. O delegado disse que o caso vai continuar na delegacia da região, descartando inicialmente o envio do inquérito para setor especializado em assassinatos, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Na época da morte do vocalista do Charlie Brown Jr., coube ao DHPP as apurações, que apontaram que a morte de Chorão foi causada por overdose. No caso de Champignon, as evidências coletadas pela investigação apontam que o próprio músico teria segurado usado uma pistola 380 para atirar contra a cabeça.
Trajetória
Champignon tinha 35 anos e nasceu em Santos, litoral paulista. O músico lançou vários discos com a banda Charlie Brown Jr, que deixou em 2005, após brigas com o vocalista Alexandre Magno Abrão, o Chorão. Nessa época, participou de outros projetos, como o grupo Nove Mil Anjos, que tinha Junior Lima (irmão de Sandy) na bateria.
Champignon tinha 35 anos e nasceu em Santos, litoral paulista. O músico lançou vários discos com a banda Charlie Brown Jr, que deixou em 2005, após brigas com o vocalista Alexandre Magno Abrão, o Chorão. Nessa época, participou de outros projetos, como o grupo Nove Mil Anjos, que tinha Junior Lima (irmão de Sandy) na bateria.
Em 2011, Champignon retornou ao Charlie Brown Jr. fazendo com que a banda voltasse a contar com a presença dos quatro integrantes da formação original de 1992: Marcão, Champignon, Chorão e Thiago Castanho, além do baterista Bruno Graveto, que passou a integrar o grupo em 2008.
Após a morte de Chorão, em 6 de março deste ano, os membros do Charlie Brown lançaram a banda A Banca, que tinha Champignon como vocalista.
A próxima apresentação do grupo seria no dia 21 de setembro em Recife, Pernambuco, com a turnê “Chorão Eterno”, show que homenageava além de Chorão, toda a trajetória da banda Charlie Brown Jr.
Duas perdas no mesmo ano
Em 2013, Champignon perdeu dois companheiros de banda entre março e maio: o parceiro Chorão e o guitarrista Peu Sousa, ex-colega de Nove Mil Anjos, encontrado morto em maio em sua casa, no bairro de Itapuã, em Salvador.
Duas perdas no mesmo ano
Em 2013, Champignon perdeu dois companheiros de banda entre março e maio: o parceiro Chorão e o guitarrista Peu Sousa, ex-colega de Nove Mil Anjos, encontrado morto em maio em sua casa, no bairro de Itapuã, em Salvador.
Chorão morreu por overdose de cocaína, enquanto a morte de Peu foi provocada por suicídio, segundo informou na época a Polícia Civil da Bahia.
Ao G1, Champignon falou sobre as mortes no dia 6 de maio. "Os dois perderam a fé. Quando perdem a fé, perdem a vontade de viver. Foi mais um dia muito triste", disse o baixista.
"Eu acho que as pessoas, em algum momento da vida, perdem a fé. Independentemente se morrem por droga, ou enforcadas. Se perdem a vida sem culpa de ninguém, acredito que em algum momento perderam a fé", acrescentou
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