Ministério da Agricultura investiga suspeita de vaca louca em MT
O caso aconteceu no município de Porto Esperidião, fronteira com a Bolívia. Inspetor do frigorífico notou que o animal não conseguia ficar de pé.
O Ministério da Agricultura anunciou essa semana que investiga um caso de vaca louca surgido em Mato Grosso.
Segundo os técnicos do Ministério da Agricultura, o animal doente se alimentava apenas de pasto em Porto Esperidião, fronteira com a Bolívia. Ele tinha cerca de 12 anos e foi enviado para o abate no dia 19 de março, para um frigorífico na cidade de São José dos Quatro Marcos.
Ao chegar ao frigorífico, o inspetor responsável pela fiscalização notou que o animal não conseguia ficar de pé, um dos sintomas da doença. Desconfiado, ele impediu o abate e coletou amostras para a realização de exames, que confirmaram a presença de uma proteína comum nos casos de vaca louca. O animal foi morto e incinerado.
Em Cuiabá, representantes do Ministério da Agricultura, dos frigoríficos e da Famato - Federação de Agricultura e Pecuária do Estado se reuniram para discutir o caso. Ao final da reunião, o presidente da Famato deu mais detalhes.
“Um animal em Porto Esperidião, quando do abate, sofreu um distúrbio neurológico, as autoridades sanitárias fizeram todos os exames, foi coletado material e enviado para laboratórios fora do país, para verificar o que está acontecendo com este animal. Nós estamos aguardando estes exames ficarem prontos, para as providências que terão que ser tomadas. O frigorífico é em Quatro Marcos”, explicou Rui Prado.
O professor Enrico Ortolani, especialista em doenças de bovinos, da Faculdade de Veterinária, da Universidade de São Paulo, explica o que é a doença da vaca louca e quais as conseqüências para o animal.
“A doença da vaca louca é uma doença nervosa, que geralmente acomete bovinos velhos, já adultos, e que provoca um quadro inicialmente de agitação no animal, depois de mudança de comportamento, de dificuldade dele caminhar e de uma agressividade. Isso tudo antecede a morte do animal. Essa agressividade que deu o nome de doença da vaca louca, porque muitas vezes a vaca era tranquila, fácil de se trabalhar e de repente ela mudava o seu comportamento e alguém deu esse nome de doença da vaca louca. O que causa não é um vírus, não é uma bactéria, não é um agente comum daqueles que a gente está mais acostumado. O que causa é uma proteína infecciosa, denominada de príon. Normalmente, todos os cérebros dos mamíferos têm príons, que são normais. Porém, o que causa a doença é um príon infeccioso com uma característica diferente do príon normal”.
Há dois anos o Ministério da Agricultura também anunciou outro caso isolado, que teria acontecido em 2010. Segundo o especialista, não há motivos para preocupação.
“São casos completamente isolados. Quanto maior o tamanho do rebanho, maior a chance de se ter mutação nos animais, e nesses dois casos foram atingidos animais bastante velhos, ou seja, acima de dez anos. Semelhante ao que ocorre, por exemplo, no caso de certos tipos de tumores com os seres humanos, quanto mais velho, maior a chance de você ter o tumor. A mesma coisa ocorre em relação a mutação dos príons, em relação a bovinos velhos”, explica.
O Ministério da Agricultura informou que os produtos derivados do bovino doente não entraram na cadeia de alimentação humana ou animal.
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