Depois de quase duas semanas de protestos em rodovias, caminhoneiros deram na terça-feira uma trégua aos bloqueios no Estado. Os participantes da mobilização aguardam o resultado de reunião com o governo federal, no próximo dia 10, para ver o atendimento de duas reivindicações: a redução no preço do diesel e a criação de uma tabela de preço mínimo do frete. Conforme a Polícia Rodoviária Federal, não havia mais trechos fechados nesta terça-feira à noite na Região Sul.
Mesmo que o trânsito nas estradas comece a circular, ainda vai demorar alguns dias para estoques serem normalizados. Com dificuldade para receber alimentos, combustíveis e medicamentos, cidades de diferentes regiões do Estado começam a suspender serviços básicos. Pelo menos 60 municípios pararam as aulas da rede pública devido à falta de combustíveis. Em outras cidades há restrições no recolhimento do lixo, pelo mesmo motivo.
Os dados são da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). Apesar dos confrontos violentos entre policiais e caminhoneiros no sul do Estado, as regiões norte e noroeste são as mais afetadas pelo desabastecimento. São pelo menos 44 cidades com escolas fechadas sem que haja uma data prevista para o recomeço das atividades. As mais prejudicadas, de acordo com a entidade, são Frederico Westphalen, Cândido Godói e Três de Maio.
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Com o transporte parcialmente paralisado, se acentua a falta de matéria-prima para produção em diferentes setores, como o metalmecânico. Conforme cálculos da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), no segmento de transformação, em duas semanas de bloqueios em rodovias, as perdas somariam R$ 4,6 bilhões.
— Isso leva a uma queda do faturamento e menos impostos a serem recolhidos. O erário vai sofrer. Está faltando óleo diesel para movimentar máquinas e colher lavouras — afirma Heitor Müller, presidente da Fiergs.
Atrasos na entrega de mercadorias
A falta de combustíveis no Rio Grande do Sul atinge praticamente todas as regiões, segundo Adão Oliveira, presidente da Sulpetro, sindicato que representa os distribuidores de combustíveis. A situação mais grave na terça era na região de Pelotas, no sul do Estado. A escassez de gasolina nas bombas obrigou motoristas a formar filas em postos do município para garantir abastecimento dos carros.
Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), entende que não há desabastecimento de alimentos no Estado, mas reconhece que há atrasos na entrega de mercadorias.
— Pode faltar alguma marca específica ou um ou outro produto. Mas não há crise. O que ocorre é atrasos pontuais nas entregas. O problema maior é com hortifruti. Com mercadorias perecíveis, há estoque para pelo menos mais uma semana — afirma.
Para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Augusto Koch, o varejo ainda trabalha com base em estoques, mas setores específicos foram afetados:
– Estamos enfrentando isso (desabastecimento) diariamente, mas a comunidade ainda não está tendo essa percepção.
O presidente da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio), Luiz Carlos Bohn, disse reconhecer as dificuldades pelas quais passam os caminhoneiros, e sugere o “diálogo” como solução aos bloqueios.
Fonte: Zero Hora
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