Veja: Suspeito de matar analista e modelo nos Jardins escreveu carta na cadeia

Kleber Tomaz Do G1 SP

Suspeito de matar analista e modelo na Rua Oscar Freire escreve carta dentro da cadeia (Foto: Reprodução / Divulgação) 
Suspeito de matar analista e modelo nos Jardins escreveu carta na cadeia (Foto: Reprodução / Divulgação)
“Minha principal intenção ao escrever esta, é tentar deixar claro para a sociedade que eu não sou o monstro que muitos dizem que sou”, afirma Lucas Rosseti, de 21 anos, em uma carta escrita em duas folhas de caderno e numa caixa de cigarros de dentro da carceragem do 77º Distrito Policial, em Santa Cecília, no Centro de São Paulo. Nesta sexta-feira (9),  acontece a reconstituição do crime com a participação do suspeito.

O G1 obteve cópia do manuscrito do jovem, preso por suspeita de matar a facadas o analista de sistemas Eugênio Bozola, de 52 anos, e o modelo Murilo Rezende, de 21, dentro de um apartamento na Rua Oscar Freire, nos Jardins, na capital paulista, em agosto. Os corpos das vítimas foram encontrados em 23 de agosto. Após o crime, Rosseti fugiu no carro do analista para Sertãozinho, interior de São Paulo. O veículo foi achado abandonado em 28 do mês passado. O jovem foi preso pela polícia no dia seguinte.

Na carta entregue aos advogados Frederico Borges, Leonardo Borges e Cesar Augusto Moreira, Rosseti volta a alegar legítima defesa para ter matado Bozola, assim como já havia declarado em seu depoimento à Polícia Civil. Também negou ter assassinado Rezende, que, segundo o suspeito, foi morto pelo analista.

“Eu não tinha motivo algum para matar aquelas pessoas. Se eu tirei a vida de uma pessoa, foi para proteger a minha. Gostaria de deixar claro para a família do Murilo. Peço que não me encarem como um assassino e que não sintam ódio de mim, pois assim como Murilo, eu só sou um jovem cheio de sonhos que nunca causaria um mal desses a ninguém”, escreve Rosseti, segundo seus advogados informaram à reportagem.
Em outro trecho da carta, o jovem afirma que “queria estar morto no lugar daquelas pessoas”, se referindo ao analista e ao modelo. Ele ainda diz que nunca teve nenhum relacionamento homossexual com Bozola e Rezende. Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, o analista era gay.

Ainda segundo o documento obtido pelo G1, Rosseti diz que sua vinda a São Paulo foi “totalmente profissional”. Ele escreve que Bozola prometeu ajudá-lo nisso e, por esse motivo, deixou Igaravapa, no interior de SP, para ir até a capital paulista, onde ficou hospedado no apartamento do analista.

“Existia sim dentro de mim um ambição, a vontade de poder ter uma vida boa, mas nada que me motivase a cometer um crime bárbaro como esse”, afirma Rosseti na carta. Com letra de fôrma, o suspeito diz que “sempre foi um adolescente normal”, se “moldando sempre uma pessoa de bem”.

A respeito do cárcere, ele afirma que “nesse atual momento estou sem contato com o mundo lá fora e não sei em qual crime a Justiça pretende enquadrar o meu caso”. Em princípio, Rosseti deverá responder por latrocínio, roubo seguido de morte. Além do automóvel do analista, foram encontrados o computador, objetos pessoais e tênis da vítima com o suspeito em Sertãozinho.

Segundo Rosseti, “os detalhes de todos os acontecimentos serão divulgados através da reconstituição e depoimento oficial” dele. Na tarde desta sexta, a Polícia Técnico-Científica de São Paulo realiza a reconstituição do crime da Oscar Freire.

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G1 obteve cópia da carta escrita por Lucas Rosseti (Foto: Reprodução / Divulgação) 
G1 obteve cópia da carta escrita por Lucas Rosseti (Foto: Reprodução / Divulgação)
ReconstituiçãoRosseti chegou por volta das 14h20 desta sexta-feira (9) a cena do crime para participar da reprodução simulada que será feita por peritos do Instituto de Criminalística (IC). O advogado Leonardo Borges acompanha o suspeito.

De acordo com o delegado Maurício Guimarães Soares, da Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que apura o caso, a perícia vai reproduzir duas versões: a do suspeito e a da investigação policial.

O DHHP aponta outra versão: a de que Rosseti matou Bozola e Rezende por causa de uma discussão envolvendo o tempo de permanência dele no apartamento do analista. Assim como o modelo, o jovem estava hospedado no imóvel e teria se recusado a sair após uma semana. A família dela mora em Igarapava, interior de São Paulo. Para a polícia, Rosseti teria dopado as vítimas antes de esfaqueá-las.

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