Grupo grava video com agressão a jovem em trem da (CPTM)

Do G1 SP
Jovens de Rio Grande da Serra, na Grande São Paulo, acusam agentes de segurança da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de agressão cometida contra um grupo na noite de sábado (5). Eles afirmam ter registrado um boletim de ocorrência nesta quinta-feira (10) no 1º Distrito Policial de Rio Grande da Serra. Anteriormente, eles informaram que os boletins seriam registrados em Mauá. Além de fazer queixa, eles divulgaram na internet imagens do momento em que um guarda ferroviário imobiliza o ajudante geral Rodrigo da Silva Santos, de 20 anos, que chegou a passar mal.

(O tema desta reportagem foi enviado ao G1 por um leitor pelo Fale Conosco. Colaborações também podem ser encaminhadas pelo VC no G1.)

Por volta das 20h15 desta sexta e após ter sido procurada pela reportagem desde quarta, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que na mesma quarta-feira (9) funcionários da CPTM registraram ocorrência por uma confusão ocorrida no sábado em Mauá.
Cópia do boletim de ocorrência registrado por Rodrigo, que levou a 'gravata' do segurança (Foto: reprodução/arquivo pessoal) 
Cópia do boletim de ocorrência registrado por
Rodrigo, que levou a 'gravata' do segurança
(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
A SSP diz que cinco homens, entre eles um adolescente, foram apontados por um supervisor de segurança da CPTM ao delegado no 1° DP por se envolverem em tumulto. O supervisor, que ficou sabendo do fato dois dias do ocorrido, disse que foi usada "força física moderada e gás de pimenta" para retirar os jovens que estavam fazendo "algazarra e uso de drogas" no último vagão do trem. A SSP diz que o boletim de ocorrência registra que um vigilante foi ferido no dedo e levado à Santa Casa.
Relato dos jovens
Os jovens que acusam os seguranças de agressão negam ter cometido excessos durante a viagem. Eles contam que, por volta das 23h30 de sábado, quando o grupo deixava Rio Grande em direção à capital paulista, foram abordados com truculência na estação de Mauá, no ABC. Nas imagens registradas pelo grupo, Santos aparece levando uma “gravata”, golpe no qual o agressor prende com os braços a vítima pelo pescoço, de um segurança. Ele tenta se desvencilhar, mas acaba desfalecendo. Um dos vídeos exibe o rapaz sendo retirado de maca, mas, pouco depois, se levanta em seguida e se recusa a ser socorrido.
De acordo com Rodrigo, o irmão dele, Alexandre, de 21 anos, além de outros três jovens, sendo que uma delas está grávida, também teriam sido alvo da violência por parte dos agentes de segurança da CPTM. “Estávamos em um grupo de cerca de 20 pessoas, todos amigos e conhecidos. Saímos de Rio Grande da Serra, onde moramos, e estávamos indo para a Virada Cultural, em São Paulo”, contou Rodrigo.
Garrafa quebrada
Rodrigo admitiu que o grupo estava “zoando” dentro do trem, mas negou que qualquer um dos seus amigos ou conhecidos tenha cometido qualquer ato de vandalismo. “Estávamos naquela animação, brincando um com o outro, mas nada demais, mesmo porque o trem estava cheio. Quando saímos de Rio Grande da Serra, alguém quebrou uma garrafa dentro do vagão e podem ter pensado que foi a gente”, afirmou.
O grupo entrou no último vagão, que estava cheio, ao deixar a estação de Rio Grande da Serra. Ele relata que, quando o trem chegou à estação de Mauá, agentes de segurança entraram e começaram a retirar a força quatro jovens do grupo. “Decidimos sair todos do trem. Eles pediram nossos RG e quiseram levar os quatro, entre eles o meu irmão, para uma salinha onde ficam os policiais ferroviários. Daí começou o tumulto e as agressões. Uns seis guardas estavam agredindo o meu irmão e eu fui tentar defendê-lo. Foi quando fui agarrado e agredido”, relatou.
Cópia do boletim de ocorrência registrado por Alexandre, irmão de Rodrigo (Foto: Reprodução/arquivo pessoal) 
Cópia do boletim de ocorrência registrado por
Alexandre, irmão de Rodrigo (Foto:
Reprodução/arquivo pessoal)
Com a “gravata”, Rodrigo diz ter passado mal. “Queriam me levar para um hospital, falaram que iriam chamar o Samu, mas eu não quis ir”, disse. Depois da confusão, o grupo decidiu seguir normalmente para a Virada Cultural. Devido a isso, Rodrigo e Alexandre deixaram para esta quarta-feira (9) para fazer exame de corpo de delito e registrar um boletim de ocorrência na delegacia de Mauá. “Tenho os vídeos e fotos das marcas das agressões”, explicou Rodrigo.
Alexandre, por sua vez, disse que sofreu várias lesões devido às agressões. “Lembro de ter levado um soco no olho esquerdo, que ainda está inchado, e estou com dores na costela devido a uma borrachada que eu levei. Além disso, estou com um galo na testa e machuquei o cotovelo quando me derrubaram no chão”, disse.
Companhia alega condutas proibidas
Segundo a CPTM, uma equipe de segurança da Linha 10-Turquesa (Brás – Rio Grande da Serra) surpreendeu “algumas pessoas sentadas no chão da composição, fazendo uso de bebidas alcoólicas, garrafas quebradas e muita fumaça no ambiente, condutas proibidas pelo regulamento de viagem da Companhia” durante uma vistoria dos trens na estação Mauá.
Em seguida, a CPTM diz que os “infratores foram convidados a deixar o trem, ocasião em que aproximadamente 30 pessoas também desembarcaram em apoio aos colegas, iniciando um tumulto contra os agentes”.
De acordo com a CPTM, “uma das pessoas apresentou comportamento agressivo, desproporcional à situação criada, e foi dominado fisicamente por um dos vigilantes da estação”. Depois de toda a confusão, “o rapaz que foi imobilizado, embarcou em outra composição, sentido centro, deixando o local, conforme registrado pelas imagens das câmeras da estação”.
A CPTM orienta a quem se sentir prejudicado por uma ação da segurança entrar em contato com a empresa por intermédio de sua Ouvidoria e também a registrar a queixa na Delegacia de Polícia competente.

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